quarta-feira, 15 de junho de 2011

Da Confusão:


Mestre: Boa tarde. Ainda está deitado refletindo?

Discípulo: Sim.

Mestre: Há semanas te vejo acordando tarde, e dormindo tarde. No que você chama de reflexão.



Discípulo: Então hoje lhe confesso, não é apenas reflexão. Acho que posso chamar de confusão.

Mestre: E com o que está confuso?

Discípulo: Estou confuso se é esse mesmo o caminho que quero seguir, se estou seguindo realmente o meu destino, sobre as coisas que posso está abrindo mão lá fora, se deveria voltar para a guerra, se almejo ou não uma vida de glorias, se estou seguindo meus sonhos entre outras coisas.

Mestre: Siga-me.

(Discípulo a principio mostra certa recusa, mas por fim se levanta e segue seu mestre)

Mestre: Vê essa roupa? Jogada no chão há semanas. É sua. Venha... Vê essa louça empilhada há semanas? É sua. Siga-me. Vê esse salão o qual sempre foi de sua responsabilidade manter limpo, está imundo.

Discípulo: Sei de tudo isso. Mas como disse estou confuso e sem forças para essas tarefas simples.

Mestre: Essas não são tarefas tão simples. É o que você veste, come e vive. Tem o dever de cuidar disso, pois estará cuidando de você. Siga-me. Vê aquele jardim? Está abandonado, cheio de ervas daninhas e mato. Também é de sua obrigação. Vê aquele homem cuidado da rosa lá fora? Ele disse que partirá hoje, por que conseguiu se encontrar, se sente vivo de novo, por ter cuidado da rosa, não se sente mais um discípulo dele mesmo e sim mestre do seu destino. Só se lastima por ter perdido um amigo.

Discípulo: E por onde devo começar?

Mestre: Todo esse tempo confuso, só te deixou mais confuso quanto as suas obrigações consigo e para com o mundo, o seu jardim não está cuidado está abandonado por você mesmo. Volte e comece do mais simples.

(Discípulo abaixa a cabeça e recolhe a roupa do chão)

(Depois de algumas horas)

Mestre: Ainda está confuso?

Discípulo: Não. Estou cansado. Já lavei, cozinhei, limpei, arrumei, e agora vou cuidar do jardim antes que escureça.

Mestre: Antes deixe eu te dizer algo, não é porque estamos confusos com nós mesmos que podemos deixar de cumprir nossas obrigações, deveres e sonhos. Por mais simples que sejam, pois são eles que nos fazem importantes nem que seja para nós mesmos. São eles que nos fazem ser quem realmente somos.

Discípulo: Obrigado, mestre. Mais uma vez. Deixe-me ir cuidar do meu jardim. Por que antes de dormir hoje, o que farei cedo por que estou cansado, preciso rever e conversar com um amigo que cuidou de nossa rosa.

Solidão



Discípulo: O que faz aí sentando na cerca a beira da estrada, senhor?

Homem: Estou comigo mesmo.

Discípulo: E está bem?

Homem: Não. Sinto-me só.

Discípulo: Por que se sente só?

Homem: Por que não sei quem eu sou. Então não consigo estar de verdade comigo mesmo, e desta forma me sinto só.

Discípulo: Mas o senhor não tem alguém para cuidar de você ou alguém para que cuide?

Homem: Tudo que tinha perdi. Se é que algum dia tive algo de verdade.
Discípulo: Se o senhor ainda possuir seus valores ainda terá algo.

Homem: Meus valores foram variáveis conforme as coisas que conquistei, tai se tornaram mutáveis como tudo que tive também, logo não tenho valores eternos, e assim me perco.

Discípulo: Entendo, dos valores que fala. E por isso lhe darei algo. O senhor disse que não tens para onde ir certo? Então ficará conosco até que sua solidão acabe.

Homem: Fico grato pela sua bondade, mas o que posso fazer para retribuir?

Discípulo: Acompanhe-me

(Os dois seguem até o jardim do templo)

Discípulo: Vê essa rosa, ela agora será nossa rosa, e lhe pedirei que nunca a lhe deixe só. Que ira ser seu companheiro durante a sua jornada conosco em nosso templo. Cuidará, regará, conversará e lhe dará a sua companhia.

Homem: É ela que me dará a companhia dela, mestre. Se assim posso lhe chamar.

Discípulo: (sorri) Obrigado. Mas ainda estou aprendendo. Ainda não sou mestre.

Homem: O homem que oferece a outro seus conhecimentos e carinho, e principalmente a sua atenção merece ter o titulo de mestre.

Discípulo: Obrigado.

Homem: E hoje não estou mais só, pois tenho uma rosa, um mentor, um amigo e um discípulo que sou eu mesmo durante o tempo que eu não me encontrar. E com todas essas obrigações será impossível em pensar na solidão. (acariciando as pétalas da rosa) Aonde pego a água para que eu possa começar a regar a vida?

Discípulo: Você já está regando, meu amigo.